Aves Raras

Depois de alguns tempos sem dissertar no nosso Blog, decidi hoje, a meio de uma aula de Direito Penal do Consumidor, reflectir sobre as Aves Raras.

Desde início, devo clarificar que todos nós estamos familiarizados com esta espécie. São inúmeras as Aves desta espécie e a sua extinção não me parece plausível, possível ou mesmo viável.

De facto, o conceito de Ave rara tem várias premissas num sofisma bastante elaborado mas, na verdade, fútil e superficial como elas próprias.

Vamos então às premissas:

A Ave Rara é, desde logo, evidenciada pela cor. A aberração cromática das vestes desta espécie caracteriza-a, distingue-a e unifica-a no universo dos demais.

Continuando, a Ave Rara apresenta penteados predominantemente loiros, elaborados à base de secador e laca, por vezes escondendo a cara num estilo "fozeiro".

A Ave Rara aprecia o uso de brincos em forma de poleiro para papagaio, saliento aqui a preocupação com a cor na escolha do papagaio.

Frequentemente, a face da Ave Rara cobre-se de camada espessa de base, à semelhança da tinta tartaruguinha da Robialac, sendo essencial que a côr deste produto seja mais escura que o tom da pele para dar um aspecto "moreno"; mas apenas na cara, pois o pescoço possui o tom natural da pele. A par deste facto, as Aves Raras nutrem admiração pelos índios e a sua capacidade de pintura facial artística, pois imitam-nos repercutindo a aberração cromática das roupas no baton, blush, sombras, unhas, entre outros.

As Aves Raras essencialmente apreciam colocar por cima da base óculos de sol, por norma de tamanho "grande demais" e de preço avultado, marca sobejamente conhecida e facilmente identificada. De resto, o mesmo se aplica às vestes que usa (e que não pode repetir), à bolsa para o tabaco, à caneta, aos anéis, aos brincos, ao relógio, ao colar, ao lenço, aos sapatos, perfume e tudo o resto que a compõe, tudo deve possuir marca cara, de preferência de outras aves raras, tudo faclmente identificável e sobejamente conhecido.

Além da aberração cromática nas vestes, a Ave Rara deve possuir arsenal de roupa digno de rivalizar com o da Zara. Todas as roupas devem combinar e usar a mesma roupa duas vezes pode significar a perda do Estatuto que julga possuir.

A Ave Rara por norma é chique, selecta, diferente mas no fundo é igual a toda a gente. Em regra, a Ave Rara não trabalha nem exerce actividade profissional. Se o fizer, além de trabalhar pouco, fá-lo de mal porque a sua inteligência é como um trevo de 9 folhas.

A Ave Rara apenas comunica com as da sua espécia.

Este espécie de género unicamente feminino por norma encontra-se falida no entanto deve permanecer nos luxos para manter a imagem que julga possuir.

A Ave Rara, como se depreende, não se movimenta através de transportes públicos. Pelo contrário, move-se por meio de automóvel sobejamente conhecido. A apontar os modelos preferidos, saliento o Porsche Cayenne e qualquer Mercedes descapotável. São, sem dúvida, os carros inerentes à falta de gosto da Ave Rara. utiliza-os, principal e obrigatoriamente, na sua deslocação à actividade social que é ir ao cabeleireiro sendo ela compelida a estacionar o veículo de forma ilegal mas em frente ao estabelecidmento, onde consulta as revistas do jet7 para se manter a par das notícias e da vida dos seus similares.

Finalmente, esta espécia prolifera nas zonas ricas e tem sempre um cãozinho que aprecia passear.

Haveria inúmeros pontos que poderíamos acrescentar mas julgo que a minha identificação foi coerente e concreta. Deixo-vos, por isso, o sofisma referido no 3º parágrafo:
Aves Raras são tias,
Tias são Peruas,
logo, Aves Raras são Peruas.

PS: Afinal acho que é uma espécie de género tendencialmente feminino mas com uma excepção... Pois no nosso país há sempre monumentos em forma de castelos e de côr branca.

Comentários

  1. Já tentei atropelar uma ou duas, mas estranhamente elas deslizam sempre no para-choques. Penso que isto se deve aos doze quilos de creme que estas aves raras aplicam na pele diariamente.

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  2. Só para acrescentar que estas aves também se podem chamar Kika ou Bábá ou Pitá ou Pimpinha ou Bá... enfim...

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  3. um dos reais problemas é que já não são tão raras quanto isso... e eu que o diga, estou numa cidade vítima da sua proliferação, pelo seu nome: 'lesvoa'

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