Гербера


7h55. Rue de Beautreillis nº 17, Paris
Um vulto debaixo dos lençóis mexe-se. Vincent Blackshadow já está a prever que o despertador toque dentro de momentos, “Detesto levantar-me cedo!”. Com um movimento mecânico desliga o alarme antes mesmo de ele tocar e segue-se a rotina do costume: sentar na sanita a olhar para o infinito, lavar a cara e os dentes a olhar para o seu reflexo, um duche a bocejar, concluindo com a divertida parte de vestir qualquer coisa e tomar o pequeno almoço à pressa, porque como sempre já está atrasado. Para já, a primeira hora do dia é como outra qualquer, contudo ao abrir à porta tudo muda. Uma flor pendurada na porta? “Que é esta merda?” Possivelmente, algum vizinho a pregar-lhe uma partida ou então a maluca da Hélène que ainda não percebeu que foi apenas uma foda. Pega na flor e atira-a para cima do móvel da entrada e sai disparado, já que ainda tem pela frente 20 minutos de empurrões pelo Metro da cidade.
Reuniões, telefonemas, cigarro, mais reuniões, mais um cigarro e a manhã está feita. Tudo normal para já, tirando esta sensação de que algo de anormal, envolve esta ilusão de normalidade. Ao almoço, o grande decote de Amélie não consegue afastar a sensação de desconforto crescente. Durante à tarde o trabalho distrai, mas é difícil concentrar-se quando os cabelos da nuca estão em pé e o coração estupidamente aos saltos, mesmo assim à vida continua igual e os vistos na agenda vão sendo feitos sem alterações.
19h55. Rue de Beautreillis nº 17, Paris
Vincent chega a casa, atira o casaco para o bengaleiro, pousa a pasta no canto e dirige-se para a cozinha. O telemóvel assusta-o ao receber uma mensagem “Onde é que meti aquela merda?”, volta para a entrada à procura nos bolsos do casaco e repara que a flor desapareceu. Uma mensagem da Amélie: “Gostei muito do almoço de hoje. Que dizes tomar o pequeno almoço comigo?”, lê distraidamente em voz alta enquanto pensa na flor e se dirige para a sala. Uma voz rouca e de sotaque carregado assusta-o, “Devias aceitar. Ela parecia ter um belo par.”. Sentado no sofá encontra-se um homem de cabelo e barba grisalha. Na mão direita um revólver de fabrico russo, na esquerda a maldita flor. “Прощай, товарищ.”, click.

Comentários

  1. Olha.... Mas que p*ta de trabalheira deu para entender os hieróglifos!!! Só com um pouco de google à mistura!!!

    Gostei da obrigação de pesquisar para entender! :) Novo conceito de posts, gosto!

    Só não desvendo mais para os outros que lerem também pesquisarem! :)

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  2. Isto já merecia um:
    Vincent Blackshadow Chronicles

    (entoado com um som cavernal)

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