De regresso...

De regresso ao Blog para satisfazer o vício da criação e imaginação.

A vaguear pela net numa sexta feira, encontrei uma cena no Facebook que decidi reproduzir, mas por palavras minhas. Por isso admito que a minha ideia não é original mas achei piada ao que li e decidi partilhar o mesmo conteúdo, à minha maneira.

84 foi uma colheita grandiosa! E penso que até 90, ainda se podem considerar boas colheitas.

Já alguém se lembrou de viajar atrás no tempo? E comparar a nossa infância e crescimento com os nascidos mais actuais? E chegar à conclusão de que o que nós somos agora é produto do que vivemos. E perante isso, o que serão os actuais jovens com a nossa idade?

Vou relembrar os episódios das nossas infâncias que muitos de vocês presenciaram e viveram comigo.

Em primeiro somos do tempo em que andar de carro era arriscado, porque não eram tão seguros e nem era obrigatório o uso do cinto de segurança. E sim, se fossemos duas pessoas no carro, eu ia à frente, não fazia de ninguém meu motorista. Não havia airbags e afins. Nem havia cestos para bebés construídos a pensar numa viagem de carro ou num acidente.

Não me lembro de haver um frasco que não conseguisse abrir, como há agora ”abertura à prova de crianças”, nem me lembro, tão pouco, de um isqueiro que não conseguisse acender.

Aprendi a andar de bicicleta na viela, no meio da rua onde passavam os carros, perto de casa da minha avó e também tinha uns patins em linha, uma trotinete e um carrinho de rolamentos. Os dois últimos não tinham travões e nunca usei um capacete, joelheiras ou qualquer outra material de protecção.

Sempre comi e bebi tudo o que me apeteceu, batata frita, coca cola, gelados de 20$00, gomas, gasosa, quer fizesse bem, ou mal e a qualquer hora. Só a mãe me proibia, quando via e não deixava.

Tínhamos completa liberdade para sair da escola, a qualquer hora e quando nos apetecia, quer fosse para faltar ou apenas para sair. Se não deixassem, saltávamos o muro.

Brincava no quintal da avó e eram constantes os arranhões, as quedas, tudo acabou por cicatrizar.

Desde o início que raramente (quase nunca) me levaram à escola de carro. Ia a pé. Não havia telemóveis e andávamos sempre incontactáveis sem que alguém se importasse. Se caíssemos na Rua e nos magoássemos, não havia o telemóvel para chamar os pais.

Tocavamos às portas dos vizinhos e fugíamos a seguir.

Quando na preparatória, jogávamos ao banquinho à chuva sem ligar. Subimos a telhados, descemos montes com silvas e terra. Caímos, sangramos, tudo sem controlo. Saímos às 18h de uma das piores escolas de V. N. de Gaia, sem boleia à espera. E já estava bem escuro. Fomos assaltados a ir para o shopping. Bebemos água de qualquer bebedouro pois não íamos comprar garrafinhas. Apanhamos frio nas salas e a escola indundava constantemente.

Jogávamos futebol com aquelas antigas latas de Compal que eram super resistentes, o que deu sempre para o torto, mas passado umas horas a dor aliviava.
Penso que nenhum dos meus amigos se lembra de conhecer a enfermaria da Escola Preparatória, no meu caso nem do liceu conheço.

Todos fomos alvos de bullying mas na altura era normal, pacífico. Não era crime ou coisa parecida.

Ainda não havia Internet e apesar de haver consolas, os jogos eram fraquinhos.
Os jogos que praticávamos envolviam sempre paus e bolas. Tínhamos piões e piascas, caricas, berlinde, pedras. Ter uma lupa era motivo para brincar com o fogo e queimar coisas e sempre adorei brincar com mercúrio dos termómetros.

Os nossos pais nunca nos protegeram, mesmo face à lei. Estavam do lado dela e nós é que estávamos mal.

Não nos importávamos com a roupa ou os penteados e não fumávamos. Não éramos julgados pela roupa e na escola muito fugimos para não sermos assaltados, agredidos e importunados. Afinal, fazia tudo parte do momento. Não havia consequências. Nem pensávamos nelas, primeiro fazíamos, depois consoante o que acontecia, pensava-se na solução.

Muito brinquei com panelas mas nos dias correntes, penso que até às panelas não são aconselhadas para uma criança brincar.

Os pais não cortavam os bicos dos móveis para não batermos com a cabeça.

Andávamos com pastas enormes, maiores que nós mesmo (no meu caso aplica-se), carregadas de livros e cadernos. Tínhamos faltas disciplinares e por cada três faltas na apresentação dos trabalhos de casa, os pais eram avisados.

Levávamos tareia em casa e os pais relembravam, constantemente, que o respeitinho é bonito e eles gostam.

Fomos livres. Para tudo! Não havia o controlo e sufoco que há agora. Safávamo-nos sozinhos e à nossa forma.

Resumindo e concluindo, pelos padrões de hoje, nós devíamos estar mortos (porque algum brinquedo, champô, utensílio, hábito alimentar ou afim nos matou) ou ser mendigos que tudo fizeram de mal (já que nunca nos controlaram e nunca tivemos uma proibição).

Mas não, estamos aqui e tivemos, simplesmente, o que os actuais muito dificilmente terão, uma infância normal que desde logo nos prepara para o resto da vida!

Ajudem-me, relembrem momentos daqueles de puto normal numa infância normal! Rui, uma gaja abalroou-te e rachou-te a cabeça com os dentes. Eu levei com uma bola e voei ao ponto de ficar na horizontal antes de cair no chão. Caí no meio de uma piscina de água choca no A2, na Teixera Lopes. Ajudem-me!

PS: Alguém se lembra daquele chão bom de cair do campo de futebol da Teixeira? Aquele cimento rugoso em que cair e rasgar a perna toda era sinónimo. Bem, a quem ainda não viu, agora é relvado...

Comentários

  1. agora ate relvinha tem a escola. antes era um piso que "la vai joelhos" , e braços.. de que te foste lembrar.. realmente olhamos po passado e vemos uma gigantesca diferença
    as brincadeiras.. os objectos usados para essas mesmas.. ir pa escola sozinho a pé.. mas a maoior recordaçao que postaste foi mesmo os "banquinhos" .. com latas da compal com bola de tenis .. a chover , a faltar ás aulas por causa dos torneios do banquinho .. ahah .. grande rui.. que magnificas memorias ;)

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  2. Bons momentos sem dúvida. Ir jogar Fifa para o Continente, gamar um pão de forma e queijo para almoçar no parque de estacionamento, ou obviamente jogar aquele jogo dos Minis no Gaia. Gamado, nunca fui, mas porque corria de cara#$% e subia muros como um atleta olímpico. Lembro-me de um terno nas silvas e de um outro monga a cair de um telhado abaixo enquanto tentava saltar para uma árvore. Cachorros baratos, ping-pong e sair da escola todo encharcado com os joelhos esfolados. Aquecimento? Nada disso. O Fanísca a controlar os ciganitos da zona, porrada à porta da escola, bolas para o telhado, o professor Matos a dar um tralho e a passar-se com a Marta. Podia continuar, mas 5 anos é muito tempo, especialmente naquela idade.

    É também importante referir que o homem que nos ensinou história e que era director da Teixeira na altura, dá hoje o nome ao agrupamento de escolas da zona, inclusive a Bandeira:)
    http://a-costamatos.eb23-teixeira-lopes.rcts.pt/

    PS: atenção Rui (Funkytus) este blog não é só meu, mas é mantido por mais pessoal. Por coincidência o Pedro que escreveu o post andou também na Teixeira comigo.
    PPS: Sim, os jogos de banquinho eram épicos. Apesar de aqueles jogos entre o bebedouro perto do A4 e um banco no A3 também eram porreiros.

    Ass: Rui

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  3. que funny.. ia julgar que eras mesmo tu (ruicarvalho) que tinha escrito este post... vocês lembram-se de cada 'trapezisse'.. uma infância de 'tirar o chapeu' .. 84 a tal colheita sim ..

    PS: tranquilo rui, depois de uma vista mais aprofundada é que reparei que o blog não é só teu..o tal 'us' a confirmar.. sempre contigo grande ab

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  4. Meeeeeeeeeeeeeeeenn

    Podemos voltar atrás?!Ho vá lá! Que saudades...!

    ... e daqui a pouco já tenho 27 ...

    Para onde vai o tempo e a simplicidade da vida?

    Lembro-me no Mané (iiiii como nós o chamávamos) de tropeçar enquanto corria num arame que outrora delimitavam os canteiros. Andou com a cara arranhada sei lá quanto tempo...

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  5. O intervalo para almoço parecia que durava 3 horas...

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