Sinfonia nº40 em Sol menor


Wolfgang Amadeus era ateu. Tão ateu tão ateu que o seu passatempo era atar cristãos e gozar com a sua crença inatural.

Wolfgang era também Louvadeus. Tão Louvadeus tão Louvadeus que o seu passatempo era comer bolachas à beira rio sempre que fazia frio.

O Wolfgang era primo do Mateus, tão Mateus tão Mateus que só bebia tinto.

O seu apelido era Amadeus. E apesar de ateu. Amavam mesmo Deus. E um dia, a passear num lago com o seu animal de estimação, a rã de nome Asdrubal, encontro o seu alter-ego. O Amadiabo. Ficou abasurdido.

Amadeus não era ligado aos seus. E apesar de amar Deus também piscava o olho ao Florentino, família dos camafeus. Sempre que saía, nada dizia. Comia bolachas á beira rio e sorria.

O pior disto tudo é que o Florentino gostou quando o Amadeus lhe piscasse o olho e porque é que a música brasileira é tão má? E já agora, não gosto nada dos brasileiros, tirando as brasileiras de bunda grande, ao contrário do Florentino.

O Florentino, por sua vez, gostava de brasileiros com bunda grande, que era o caso do Amadeus. E para ele, piscar o olho a alguém é o mesmo que comer salsichas molhadas em chá de caril com chantili e mostarda por cima. Por isso é que ele gostou daquele piscar de olho. Porque ficou logo a pensar em algo mais atrevido com o Amadeus. Ficou a sonhar passearem juntos e descerem uma rua num abraço apertado, em passeios separados, ao som de música brasileira e de castanholas tipo flautas.

Wolfgang, era um ser espiritual. Vivia como um parasita da mente de Mateus e lutava incessantemente por presença soberana sobre Florentino. No mesmo plano existência, ambos contribuíam para a degradação mental de Amadeus. Amadeus, no plano físico vivia numa mansão em ruínas. Assombrada pelo fustigo tempo. Habitada por demais heroinómanos que lhe faziam companhia nos momentos em que tanto Florentino e Mateus adormeciam sob um crepúsculo de soberania.

Livro XX
Tomo MCXXIV
Capítulo XLIX
Amadeus não gostava de ananás, por isso à noite Wolfgang tomava conta da mansão e como uma grande salada de fruta organizava festivais de música tradicional da Amazónia, com batuques de heroína.

Na Mansão, Wolfgang passeava classe. Olhava-se ao espelho e via Mateus... Pois Mateus e Florentino dormiam juntos no espelho de uma mente psicótica. Num passeio nocturno pelo castelo, Wolfgang comia pipocas salgadas e perdia-se em raciocínios hediondos e planos maléficos de como tomar maior e soberano controlo sobra a mente de Florentino, o amador de bundas peludas e machas. E neste triunvirato de emoções, Wolfgang, Amadeus, Florentino, e Wolfgang, todos na mesma Mansão, conversavam entre si, sem se conhecerem. Insultavam-se, sem falarem uns com os outros. Na mais hiperbólica das suas fantasias, Wolfgang sonhava com manipulação e era manipulado por Florentino e Mateus, respectivamente; simultaneamente com a existência paradoxal de Amadeus que, lentamente, procurava o controlo dos últimos com a aliança secreta com Mateus e traição planeada perante Florentino.

No decorrer desta parada hiperbólica, Florentino apaixona-se por ananases que Amadeus tanto despraza. Formam uma aliança simbiótica para destronar Mateus da soberania material. Florentino come os ananases e Amadeus pisca-lhe o olho regularmente. No entanto, têm de eliminar a presença de Wolfgang, o que implicaria a morte de Florentino.

Ao longe ouve-se um ruído repetitivo, piii-piii-piii, Floriano acorda mais uma vez com uma sensação de alivio, terceira noite consecutiva que sonha com o casal vizinho com uma plantação de ananases.
- "Ufffffff, nunca mais adormeço a ouvir Mozart."

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